segunda-feira, 14 de maio de 2012

lendas de orixás - otin

ODÉ E OTIM

Dia da semana: sexta-feira
Cor: Odé azulão com branco
Otim azulão com rosa
Número de axés: 04, 07, 14, 28, 210.
Comida: farofa doce com costela de porco assada com mel
Guias: azulão com branco para Odé, azulão com rosa para Otim.
Parte do corpo que Odé rege: pulmão e garganta
Ferramentas: flecha com arco, lança e estilingue, bolinhas de gude.
Ave: galo pintado e para Otim galinha pintada, casal de galinha d'angola.
Pombo: escuro ou branco
Quatro - pé: porco para Odé; porca para Otim.
Peixe: pintado.
Lugar de oferendas: mata e praia
Frutas: uva preta, maçã, butiá e araçá.
Função: amarração e demanda
Sobrenome de Orixás:
Odé: Linde, Jubim, Emí, Avagan, Lobomí, Ridê, Tola, Olobomí, Fabiorô Otim: Anidon, Dígala,Obérémi, Emí, Aridã, Tola, Olobomí,Renique,Talabí,Iborô
Flor: lírio roxo
Características: dono da mata e caçador
Apelido: caçador, Odé e Otim: gorda.
Ervas: folha de araçá e butiá, Orô
Doce: bolo inglês, cocadinha e merengue
Agrados: mamadeira com agua de canjica e leite de coco
Saudação: oque bambo Odé, oque bambo Otim ou oké arô
Santos que o representa: Odé São Sebastião; Otim Santa Maria Goretti
Dia do Ano: 20 de Janeiro

Odé é no Batuque o orixá que corresponde a Oxossi no Candomblé. Orixás caçadores vivem nas matas a fim de caçar e garantir a subsistência dos homens. Odé e Otim formam um casal inseparável, onde está Odé está Otim. Odé é representado por um menino portando arco e flecha, suas ferramentas para a caça e Otim porta um cântaro que carrega na cabeça.Orixás da fartura e dos excessos, Odé tem fama de generoso e bom: ele caça, mas fica com pena e remorso e dá a caça a Otim que come tudo rapidamente, sendo apelidada de gorda. São poucos os filhos de cabeça do Orixá Otim, talvez isto explique o seu quase esquecimento no culto, sendo Odé o mais conhecido, este sim com vários filhos. A beleza de Odé estende-se a seus filhos assim como suas características. Odé jamais pode ser esquecido, pois se sente excluído e abandonado e não perdoa facilmente uma falta como esta.

Características Positivas:Filhos de Odé são pessoas espertas e com iniciativa, nasceram para a liberdade, inteligentes, meigos, exigentes, cultos e sensí-veis de temperamento infantil, brincalhão, participante e alegre. Amantes irresponsáveis amam sobre tudo a natureza e a liberdade.Tem grande sensibilidade artística, são extremamente organizados, podem ser grandes amigos e estão sempre prontos para tudo.

Características Negativas: ciumentos, possessivos e inseguros. Narcisistas, egoístas, vaidosos a ponto de acharem que são os melhores em tudo. Temperamen-tais, quando estão com raiva podem até ficar perigosos. Aborrecem-se fácil e por qualquer motivo.

Lendas

Conta-se no Brasil que Odé era irmão de Ogum e de Bará, todos os três filhos de Iemanjá.Bará era indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora. Os outros dois filhos se conduziam melhor. Ogum trabalhava no campo e Odé caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casa estava sempre abastecida de produtos agrícolas e de caça. Iemanjá, no entanto, andava inquieta e resolveu consultar um babalaô. Este lhe aconselhou proibir que Odé saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossanha, aquele que detém o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta. Odé ficaria exposto a um feitiço de Ossanha para obrigá-lo a permanecer em sua companhia. Iemanjá exigiu então, que Odé renunciasse a suas atividades de caçador. Este, porém, de personalidade independente, continuou sua incursões à floresta. Ele partia com outros caçadores, e como sempre faziam, uma vez chegados junto a uma grande árvore (ìrokò), separavam-se, prosseguindo isoladamente, e voltavam a encontrar-se no fim do dia e no mesmo lugar.
Certa tarde, Odé não voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos caçadores. Ele havia encontrado Ossain e este lhe dera para beber uma poção onde foram maceradas certas folhas, como amúnimúyè, cujo nome significa "apossa-se de uma pessoa e de sua inteligência", o que provocou em Odé uma amnésia. Ele não sabia mais quem era nem onde morava. Ficou, então, vivendo na mata com Ossain, como predissera o babalaô.Ogum, inquieto com a ausência do irmão, partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta. Ele o trouxe, mas Iemanjá não quis receber o filho desobediente.
Ogum revoltado pela intransigência materna recusou-se a continuar em casa (é por isso que o lugar consagrado a Ogum está sempre instalado ao ar livre).Odé voltou para a companhia de Ossanha, e Iemanjá desesperada por ter perdido seus filhos, transformou-se num rio, chamado Ògùn (não confundir com Ògún , o orixá).
Narrador desta lenda chamou a atenção para o fato de que "esses quatro deuses iorubás -Bará, Ogum, Odé e Ossanha - são igualmente simbolizados por objetos de ferro e vivem todos ao ar livre.".

Uma lenda explica como surgiu o nome de ÒSÓÒSÌ , derivado de ÒSÓWUSÌ ( o guarda-noturno é popular):"Olófin Odùduà, rei de Ifé, celebrava a festa dos novos inhames, um ritual indispensável ao início da colheita, antes do quê, ninguém podia comer destes inhames. Chegado o dia, uma grande multidão reuniu-se no pátio do palácio real. Olófin estava sentado em grande estilo, magnificamente vestido, cercado de suas mulheres e de seus ministros enquanto os escravos o abanavam e espantavam as moscas, os tambores batiam e louvores eram entoados para saudá-lo. As pessoas reunidas conversavam e festejavam alegremente, comendo dos novos inhames e bebendo vinho de palma. Subitamente um pássaro gigantesco voou sobre a festa, vindo pousar sobre o teto do prédio central do palácio. Esse pássaro malvado fora enviado pelas feiticeiras, as Ìyámi Òsòrònga, chamadas também as Eléye, isto é, as proprietárias dos pássaros, pois elas utilizam-nos para realizar seus nefastos trabalhos.
A confusão e o desespero tomaram conta da multidão. Decidiram, então, trazer, sucessivamente, Oxotogum , o caçador das vinte flechadas, de Idô; Oxotogí, o caçador de quarenta flechas, de Moré; Oxotobá, o caçador das cinqüenta flechas, de Ilarê , e finalmente Oxotokanxoxô, o caçador de uma só flecha, de Iremã. Os três primeiros, muito seguros de si e uns tanto fanfarrões, fracassaram em suas tentativas de atingir o pássaro, apesar do tamanho deste e da habilidade dos atiradores. Chegada a vez de Oxotokanxoxô, filho único, sua mãe foi rapidamente consultar um babalaô, que lhe declarou: ' Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte tornar-se-á riqueza.' Ela foi então colocar na estrada uma galinha, que havia sacrificado, abrindo-lhe o peito, como devem ser feitas as oferendas às feiticeiras, e dizendo-lhes três vezes: ' Que o peito do pássaro receba esta oferenda'. Foi no momento preciso que seu filho lançava sua única flecha.
O pássaro relaxou o encanto que o protegia, para que a oferenda chegasse ao seu peito, mas foi a flecha de Oxotokanxoxô que o atingiu profundamente. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu. Todo mundo começou a dançar e cantar: 'Oxó é popular! Oxó é popular! Oxowussi! Oxowussi!! Oxowussi!

O filho de Odé apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo.Os filhos de Odé são geralmente pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir.
Fisicamente, os filhos de Odé, tendem a ser relativamente magros, um pouco nervosos, mas controlados. São reservados, tem forte ligação com o mundo material, sem que esta tendência denote obrigatoriamente ambição e instáveis em seus amores.
No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresenta forte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído para afastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Odé trazem em seu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observação tão importantes para seu Orixá. Quando em perseguição a um objetivo, mantêm-se de olhos bem abertos e ouvidos atentos. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista. Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu próprio humor e disposição.
Os filhos de Odé, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso do sustento da tribo.
Os filhos de Odé tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente o sustento do seu grupo ou família. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará preferencialmente distante do lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam ser compradas, e não no contato íntimo com cada membro da família. Não é estranho que, quem tem Odé como Orixá de cabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relacionamentos emocionais muito estáveis. Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igualmente independentes, já que o conceito de casal para ele é o da soma temporária de duas individualidades que nunca se misturam.
Os filhos de Odé, compartilham o gosto pela camaradagem, pela conversa que não termina mais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser modificado radicalmente pelo segundo Orixá. Gostam de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados de amigos.É portanto, o tipo coerente com as pessoas que lidam bem com a realidade material, sonham pouco, têm os pés ligados à terra.São pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades.Têm o senso da responsabilidade e dos cuidados para com a família. São generosas, hospitaleiras e amigas da ordem, mas gostam muito de mudar de residência e achar novos meios de existência em detrimento, algumas vezes, de uma vida doméstica harmoniosa e calma.
O tipo psicológico, do filho de Odé é refinado e de notável beleza. É o Orixá dos artistas intelectuais. É dotado de um espírito curioso, observador de grande penetração. São cheios de manias, volúveis em suas reações amorosas, multo susceptíveis e tidos como "complicados". É solitário, misterioso, discreto, introvertido. Não se adapta facilmente à vida urbana e é geralmente um desbrava-dor, um pioneiro. Possui extrema sensibilidade, qualidades artísticas, criatividade e gosto depurado. Sua estrutura psíquica é muito emotiva e romântica

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